sexta-feira, agosto 02, 2013

Outro menino

 " um nascimento no fundo de cada palavra,
de cada gesto, de cada relação.” (Amparo Caridade)

Guardava-se
num recesso
invisível e
dormia seu
sono perfeito...

(num milagre
suspenso, como
estrela
pássaro
galáxia?

num milagre
enterrado, como
jazida
linfa
raiz?

num milagre
líquido, como
chuva
rio
oceano?)

Certamente
faltam explicações...

Mas
um gesto
que ninguém viu
conjugou
o subjuntivo
verbo...

E o menino
surgiu
no meu regaço
vazio, sem ferimento!

Compreendeu 
tudo
que murmurei,
mesmo sem palavras...

Trouxe
na sua mão
pequenina
uma gota 
de água fresca
e outra senha
do meu motivo.

                             Para Theo, meu neto.

3 Comments:

At 3:29 PM, Anonymous Anônimo said...

Lindo Flavia, tenho muito orgulho de ser tua aluna. Beijo

 
At 9:44 PM, Blogger Eduarda Moura Cavalcante said...

"Compreendeu
tudo
que murmurei,
mesmo sem palavras..."
Ao ler esse trecho, achei a definição perfeita para o meu primeiro atendimento de redação com a senhora. Em meio a soluço, choro, nostalgia e ao novo, a senhora me pediu a mão e pediu para eu abrir o coração... A partir daí, comecei a admirá-la cada vez mais e passei a ter orgulho e um imenso prazer de ser sua aluna. Beijos. Eduarda Moura Cavalcante.

 
At 10:48 PM, Anonymous Anônimo said...

Flavinha, Theo é um felizardo. Que beleza de poema, tanto em conteúdo, quanto em forma. Esse está um poema perfeito, um dos melhores que já li seus; na verdade um dos melhores que já li, seus e de qualquer um outro, incluindo Drummond. Belo, belo, belo.
Pedro Gabriel.

 

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