domingo, outubro 31, 2010

Décimo quarto noturno

Vinha um negro vento do leste,

outro escuro do oeste;

o norte mandava uma sombra,

o sul soprava uma noite.


O teu navio,

coitado,

até resistiu

demais,

antes de romper-se em rochedos...

sábado, outubro 30, 2010

Décimo terceiro noturno

Aquela boneca

que me defendia

da noite...


com quem

falava metade

de um diálogo

absurdo...


está afogada

de lágrimas...

sexta-feira, outubro 29, 2010

Décimo segundo noturno

Nem vi

o barco perdendo-se...


Quando vi,

já estava no fundo.


E minhas lágrimas

são invisíveis

no mar.

quinta-feira, outubro 28, 2010

Décimo primeiro noturno

Dividiste

tudo

errado.


Reservaste

o melhor em ti

para mim.


Guardaste

o pior

para ti.


Eu te amaria

com teu pior

contanto que ele

não te levasse.

quarta-feira, outubro 27, 2010

Décimo noturno

Eu lembro

teu rosto

sem este véu

escuro.


Ainda crianças,

ele já se adivinhava.


Testemunhei

tua luta

para tirá-lo.


Agora

antevejo

teu rosto

aberto,

livre dessas sombras...

terça-feira, outubro 26, 2010

Nono noturno

Eu te prometo!


Navegarei

sem rumor

até te encontrar.


O remo

ferirá minha mão,

eu sei...


A salmoura

do mar

agravará a ferida,

eu sei...


E eu vou

devagar,

tu sabes...


Quando eu chegar,

verei teu rosto

sem o véu de sombras!