Décimo quarto noturno
Vinha um negro vento do leste,
outro escuro do oeste;
o norte mandava uma sombra,
o sul soprava uma noite.
O teu navio,
coitado,
até resistiu
demais,
antes de romper-se em rochedos...
O nome “trança” me veio, ficou na minha cabeça e impediu outro de chegar, talvez por acreditar que cada um de nós é uma trança de gente...
Vinha um negro vento do leste,
outro escuro do oeste;
o norte mandava uma sombra,
o sul soprava uma noite.
O teu navio,
coitado,
até resistiu
demais,
antes de romper-se em rochedos...
Aquela boneca
que me defendia
da noite...
com quem
falava metade
de um diálogo
absurdo...
está afogada
de lágrimas...
Nem vi
o barco perdendo-se...
Quando vi,
já estava no fundo.
E minhas lágrimas
são invisíveis
no mar.
Dividiste
tudo
errado.
Reservaste
o melhor em ti
para mim.
Guardaste
o pior
para ti.
Eu te amaria
com teu pior
contanto que ele
não te levasse.
Eu lembro
teu rosto
sem este véu
escuro.
Ainda crianças,
ele já se adivinhava.
Testemunhei
tua luta
para tirá-lo.
Agora
antevejo
teu rosto
aberto,
livre dessas sombras...